Relatório do setor colchoeiro prevê semestre de incertezas e cautela

postado em 22 de Outubro de 2025 12h04

O relatório da Abicol (Associação Brasileira da Indústria de Colchões), intitulada “Panorama do Setor Colchoeiro – Expectativas para o 2º semestre de 2025”, aponta momentos de estagnação e/ou leve queda na situação atual do mercado, tanto para os fabricantes, quanto aos fornecedores do setor. 

 

Fabricantes

 

Os fabricantes representaram cerca de 69% dos respondentes, concentrados nas regiões Sudeste e Sul, e com participação menor do Nordeste e Centro-Oeste.  Em relação ao mercado, esses fabricantes descrevem a situação em palavras-chave como “Crítica”, “Paralisado”, “Péssimo”, “Duro”, “Sem perspectiva” e “Instável”, refletindo preocupação com estagnação, retração de demanda e perda de competitividade.

 

Entre as principais dificuldades enfrentadas entre fabricantes estão a concorrência desleal (produtos não conformes e sonegação), guerra de preços, altos custos operacionais, a burocracia e regulações, falta de mão de obra qualificada além de flutuações de demanda e mudanças de consumo. Ações como o Dumping (prática considerada desleal e predatória, quando uma empresa vende seus produtos no exterior a preços artificialmente baixos) também são apontados como impeditivos do crescimento do setor.

 

Cerca de 55% dos entrevistados projetam crescimento modesto (até 10% ou até 30%) no faturamento. Outra parcela espera queda de faturamento, principalmente entre 10% e 30%. E alguns preveem redução entre 30% e 50%, revelando forte pessimismo em certos nichos. 

 

Há divisão entre expectativa de aumento e redução da produção e vendas. Parte significativa acredita em estabilidade ou leve queda, enquanto outros 30% a 40% apostam em crescimento entre 10% e 30%. Relatos apontam que estoques elevados no varejo e pressão de preços influenciam diretamente os planos produtivos. 

 

Por fim, para os fabricantes, a expectativa para 2026 é de desafios semelhantes ou maiores, com pressão competitiva e incertezas macroeconômicas persistentes. Cerca de 41% esperam ano igual a 2025, 34% acreditam que será pior e apenas 24% têm expectativa melhor para 2026. 

 

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Fornecedores

 

Em relação aos fabricantes (55%), os fornecedores compuseram 31% dos correspondentes da amostra da Abicol, quase todos localizados na região Sudeste. As palavras-chave utilizadas por eles se assemelham as utilizadas pelos fornecedores, adjetivos como “Recessivo”, “Volátil”, “Conservador”, “Desafiador”, “Estagnado”, “Preocupante” e “Incerto”. Um retrato de cautela e apreensão quanto ao ritmo de recuperação do setor.

 

Os entrevistados apontam que o mercado está levemente pior que o ano passado. Fornecedores e fabricantes compartilham de alguns desafios em comum, como concorrência desleal e problemas na retenção de mão de obra qualificada, porém oscilações de demanda, qualidade de produtos inconsistente e custos elevados estão entre os principais entraves do setor. 

 

Em relação as expectativas de faturamento, a maioria projeta estabilidade ou redução leve (até 10%), outros esperam crescimento tímido (até 10%), indicando cautela diante de um ambiente ainda adverso. 

 

Entre as expectativas para o próximo ano estão a estabilidade do setor, outra parcela menor enxerga piora em relação a 2025. Porém, visões otimistas pontuais acreditam em melhora gradual no próximo ciclo.

 

O panorama mostra que fabricantes estão mais expostos aos efeitos da retração da demanda, competição desleal e custos altos, enquanto fornecedores adotam postura mais cautelosa e conservadora. A incerteza domina as expectativas para 2026, reforçando a urgência de ações estratégicas como: Fortalecimento da fiscalização de conformidade e combate ao dumping; Inovação em produtos e canais de venda, para superar a pressão competitiva; Articulação institucional por políticas industriais que reduzam custos e desburocratizem o setor; Integração da cadeia de valor para mitigar riscos e aumentar competitividade.